RIO - No Brasil, carros antigos são bibelôs de garagem: raramente são postos na estrada e o mais longe que vão é no encontro mensal do clube de colecionadores. Na Europa, a mentalidade é bem diferente: acham que automóvel é feito para andar, senão seria ''auto-imóvel''... Daí fazerem ralis como o Carrera Copacabana. O evento começou há quatro semanas em Buenos Aires e terá a bandeirada final no Rio, em plena Avenida Atlântica, na tarde do próximo domingo. São 13.316 quilômetros por estradas de asfalto e de terra.
A prova é organizada pela Classic Events, uma empresa da Holanda, país de onde veio a maior parte das equipes. Entre os participantes, há também alemães, ingleses, austríacos, finlandeses... São pilotos amadores (muitas duplas são formadas por marido e mulher) com tempo e dinheiro sobrando para uma aventura dessas.
São 33 carros, na maioria Mercedes, Jaguar e Volvo fabricados nas décadas de 60 e 70 e modificados para vencer toda sorte de pisos. Alguns são veteranos de provas de longa distância, como a Pequim-Paris de 2007. Um Morris Landcrab que participa da Carrera Copacabana fez a maratona Londres-Sydney em 1968.
O vovô da turma é um centenário American La France de 1909, que quebrou logo após a partida. O dono não deu o braço a torcer: comprou uma Amarok novinha na Argentina para fazer o restante do rali (há uma categoria para 4x4 modernos). Existe a possibilidade de o American La France chegar a Copacabana rebocado pela picape Volks...
Agora, o mais velho ainda competindo é o inglês Lagonda M45, ano 1933, botando pra jambrar com seu motor original de seis cilindros.
Organizada pelo ralizeiro holandês Bart Rietbergen, a prova percorre cinco países: Argentina, Chile, Peru, Bolívia e Brasil. Roda-se, em média, 520 quilômetros por dia, em paisagens como Bariloche, Deserto de Atacama e Cuzco.
É um rali de regularidade: os carros têm que percorrer trechos da rota em tempos exatos e cronometrados. Há desde estradas com asfalto perfeito, como os tapetes da Argentina, até demolidores trechos de terra na Bolívia, entre La Paz e o Salar de Uyuni.
- Demoramos cinco horas para andar100 quilômetros. Vários competidores quebraram - conta o brasileiro José Rodrigo Octavio, entusiasmado voluntário na equipe de apoio.
Os percalços foram muitos: houve até Porsche 911 abastecido, sem querer, com diesel. Um Mustang capotou, mas voltou à disputa. Na fronteira do Peru só havia um atordoado funcionário para fazer os trâmites da entrada dos 40 carros competidores e de apoio.
E há as quebras comuns de carros vetustos submetidos a esforços. Imagine o que é percorrer tamanha distância com um temperamental Jaguar dos anos 60. Mesmo assim, até a tarde de ontem, eram só seis baixas, entre 33 veículos inscritos. Haja espírito de camaradagem para mantê-los em marcha.
Hoje, a caravana está entrando no Brasil, por Foz do Iguaçu, e a rota inclui Campinas (SP) e Pouso Alto (MG).
A chegada a Copacabana está prevista para as 15h30m de domingo. Os que quiserem ver de perto este incrível exército de Brancaleone terão uma chance: os carros ficarão expostos na Avenida Atlântica, Posto 6, até por volta das 17h.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Política de moderação de comentários:
O autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links.